25 fevereiro 2024

Feijão, feijão, feijão - parte 2

Depois de assistir a vários programas de culinária, incluindo aqueles da Ana Maria Braga de antigamente (quando tudo era feito ao vivo mesmo e não tinha essa de "já tenho um pronto aqui") chegando até o Masterchef (claro que passei pelo Top Chef  americano, pelo programa do Claude Troigros e outros mais complicados) cheguei à conclusão que cozinhar é algo muito fácil desde que você tenha um tempo maior do que uma hora ((e que a Ana Paula Padrão não faça a contagem regressiva) e que você não faça feijão.

Já disseram que o grande desafio do cozinheiro é o risoto, mas nem se compara ao feijão. A receita  que o Vinícius de Moraes deixou e eu coloquei na semana passada dá pra ter uma pequena ideia da trabalheira e a importância do grão até na literatura  brasileira.

Depois de estudar várias receitas, resolvi seguir as instruções da Rita Lobo no seu canal "Panelinha" e a parte do cozinhar funcionou muito bem (se bem que fiquei com medo de  queimar e coloquei um pouco mais de água e aí ficou um feijão mais aguado, mas nada que não possa ser consertado). Panela de pressão? Nem pensar! Foi "na unha mesmo", na panela comum.

Aí veio a parte do "congelar". Sem problemas --> comprei uns potinhos e já conclui quantos potinhos usar cada vez que eu quiser descongelar e usar. Como errei na primeira vez (um potinho só não deu), usei um feijão em conserva que tem da "Fugini" e que funcionou bem para "engrossar o caldo.

Aí veio a parte do "refogar e temperar". Fudeu 

Danou-se! "Faça o básico: cebola, alho e sal"; "use sua criatividade". Que? Teu c*! Quais as proporções? 

Enfim. Vai dar certo. Só que tem que treinar bastante. Enquanto isso, hoje vou fazer panqueca mesmo que é mais prático, receita é boa, um leite, um farinha, um ovo e só. Dá pra usar alguma criatividade. Carne moída é tranquilo (Ana Maria Braga já ensinou faz tempo)


Eu sou doc 

18 fevereiro 2024

Feijão, feijão, feijão - parte 1

Melhor mestre impossível. Segue poesia de Vinícius.

FEIJOADA À MINHA MODA

Rio de Janeiro , 1962

Amiga Helena Sangirardi 
Conforme um dia eu prometi 
Onde, confesso que esqueci 
E embora - perdoe - tão tarde 

(Melhor do que nunca!) este poeta 
Segundo manda a boa ética 
Envia-lhe a receita (poética) 
De sua feijoada completa. 

Em atenção ao adiantado 
Da hora em que abrimos o olho 
O feijão deve, já catado 
Nos esperar, feliz, de molho. 

E a cozinheira, por respeito 
À nossa mestria na arte 
Já deve ter tacado peito 
E preparado e posto à parte 

Os elementos componentes 
De um saboroso refogado 
Tais: cebolas, tomates, dentes 
De alho - e o que mais for azado 

Tudo picado desde cedo 
De feição a sempre evitar 
Qualquer contato mais... vulgar 
Às nossas nobres mãos de aedo 

Enquanto nós, a dar uns toques 
No que não nos seja a contento 
Vigiaremos o cozimento 
Tomando o nosso uísque on the rocks. 

Uma vez cozido o feijão 
(Umas quatro horas, fogo médio) 
Nós, bocejando o nosso tédio 
Nos chegaremos ao fogão 

E em elegante curvatura: 
Um pé adiante e o braço às costas 
Provaremos a rica negrura 
Por onde devem boiar postas 

De carne-seca suculenta 
Gordos paios, nédio toucinho 
(Nunca orelhas de bacorinho 
Que a tornam em excesso opulenta!) 

E - atenção! - segredo modesto 
Mas meu, no tocante à feijoada: 
Uma língua fresca pelada 
Posta a cozer com todo o resto. 

Feito o quê, retire-se caroço 
Bastante, que bem amassado 
Junta-se ao belo refogado 
De modo a ter-se um molho grosso 

Que vai de volta ao caldeirão 
No qual o poeta, em bom agouro 
Deve esparzir folhas de louro 
Com um gesto clássico e pagão. 

Inútil dizer que, entrementes 
Em chama à parte desta liça 
Devem fritar, todas contentes 
Lindas rodelas de lingüiça 

Enquanto ao lado, em fogo brando 
Desmilingüindo-se de gozo 
Deve também se estar fritando 
O torresminho delicioso 

Em cuja gordura, de resto 
(Melhor gordura nunca houve!) 
Deve depois frigir a couve 
Picada, em fogo alegre e presto. 

Uma farofa? - tem seus dias... 
Porém que seja na manteiga! 
A laranja gelada, em fatias 
(Seleta ou da Bahia) - e chega. 

Só na última cozedura 
Para levar à mesa, deixa-se 
Cair um pouco da gordura 
Da lingüiça na iguaria - e mexa-se. 

Que prazer mais um corpo pede 
Após comido um tal feijão? 
- Evidentemente uma rede 
E um gato para passar a mão... 

Dever cumprido. Nunca é vã 
A palavra de um poeta... - jamais! 
Abraça-a, em Brillat-Savarin 
O seu Vinicius de Moraes.


Eu sou doc

04 fevereiro 2024

Volta às aulas

Por aqui ainda faltam uns dias...

Lá no futuro, em outra galáxia, outros seres já estudam...

- Então, no planeta Terra, a expectativa de vida foi aumentando a partir do século XX, na contagem terráquea.

- Mas, professora, por que o planeta acabou?

- Ah! Eles pararam de cuidar da própria imunidade.

- Como assim?

- Vejam: tinha um lugar de praia, onde as pessoas iam para tomar sol e se divertir. Claro que tinham sede e fome e aí compravam uma bebida chamada mate e que misturavam com um pouco de suco de limão servidos num copinho que era um cone de papel; tinha um sujeito que servia isso carregando tudo em bombonas. Um dia acharam que não havia higiene nisso e a bebida vinha embalada de fábrica.

- Não entendi nada, professora...

- Pensem: na praia, areia pra todo lado, vento, bombonas... Ainda tinha a moça que vendia salgados e doces quase nas mesmas condições, carrocinhas de sanduíches que eles chamavam de cachorro quente e os molhos vinham em tubos abertos e sem refrigeração...

- Nossa! As pessoas não ficavam doentes?

- Sim, mas nem todas. O que acontecia é que aumentavam a própria imunidade e ficavam mais resistentes a outras doenças.

- Tá. Entendi. Mas quando eles pararam de fazer isso?

- Bom. Como eles notaram que as pessoas estavam vivendo mais, aumentaram os cuidados com a higiene (o que foi muito bom), porém exageraram ao extremo. Sem contar que em qualquer febre já tomavam antibióticos. Com o tempo as bactérias boas foram desaparecendo e a imunidade das pessoas diminuiu muito até que a raça humana foi extinta.

Pois é... Essa semana descobri que não se coloca panela na geladeira. Como será que as pessoas sobreviveram sem geladeira e sem os potinhos?🤦🤦

Eu sou doc

Money

"🎼🎶Money, so they say, is the root of all evil today  🎶" Pink Floyd Desde sempre, os comerciais na TV aberta são uma chateação,...