26 fevereiro 2023

Contos Infantis

"Agora, quando escrevo livros para crianças, não me deixam colocar os maus! Nem bruxas, nem ogros, nem monstros... A culpa é do afã da sociedade por criar uma bolha para os filhos às custas de obrigar os escritores a criar literatura sonsa. E o que ocorre é que o mau desta literatura ‘sonsa’ não é a crítica que recebemos. O mau é que cria leitores sonsos, crianças sem nervos nem reflexos morais." Santiago Roncagliolo 

Outro dia eu resgatei as historinhas da Coleção Disquinho e fui mostrando para minha filha. Claro que ela adorou, principalmente "O Macaco e a Velha".

A notícia da semana foi a "censura" à arte do autor da "Fantástica Fábrica de Chocolate", Roald Dahl, que também é o autor de "Matilda". As duas histórias foram adaptadas para o cinema. O argumento da editora foi "necessidade de atualização " visto que eram livros antigos.

Tal fato não é novidade, Monteiro Lobato já passou por isso e da forma que isso vai, logo vão desenhar um sorriso na Mona Lisa e colocar um jeans no homem nu de Michelangelo.

Toda brincadeira...

Vamos combinar uma coisa: hoje em dia é necessário pensar em tudo antes de contar histórias infantis para criança. Até as músicas do cancioneiro popular estão ameaçadas! Brincadeira de roda com os clássicos “Atirei o pau no gato” ou “Cai cai Balão” já não são mais socialmente corretas.

Cachinhos de Ouro invadiu a casa dos ursos, tomou o mingau, desarrumou as camas das pobres e indefesas criaturas e depois saiu correndo antes que o Papai Urso chamasse o BOPE.

É... Pois é...

Caso isso aqui fosse um diálogo, talvez com a Wandinha Adams e seu humor "reineiro"...

- Então vamos escolher uma história: que tal Branca de Neve?

- Hum... uma adolescente dormindo na cama de sete homens? E o problema com a maçã? Fruta é algo nutritivo. Péssima ideia!

- Chapeuzinho Vermelho, então!

- Os lobos correm risco de extinção. Os ecologistas vão reclamar.

- Que chatice! Vou falar de Cinderela e pronto.

- Trabalho escravo... ideia interessante, mas pode causar traumas.

- Aff... Bela Adormecida?

- Confinamento, uso de drogas injetáveis e quem disse que as crianças iriam entender o que era o fuso de uma roca?

Então a conclusão é que continuamos no mantra da paciência e que cada um faça o que bem entender, mas quem consegue explicar a saída da Meredith da série que leva seu sobrenome?

Eu sou doc 

19 fevereiro 2023

# Volta Doutor

"Entendo que os chefes devem reconduzir tudo a este princípio: aqueles que eles governam devem ser tão felizes quanto possível.” Marcus Tullius Cícero 

Houve um tempo onde tecnologia estava muito distante do chamado "terceiro mundo" e a sobrevivência dependia da experiência de cada pessoa. Eram tempos difíceis, mas muitos profissionais eram tidos como verdadeiros guerreiros no combate às intempéries que nos assolam diariamente, como os incêndios, a criminalidade e as doenças. 

Como sou médico, vou lembrar um antigo texto com uma história contada por uma personagem épica, em adaptação livre.

Houve um tempo que a força dos guerreiros era medida por sua sabedoria e não por seus armamentos. São raros como os jedis, mas às vezes aparecem por ai. 

Dizia-se, então, que os tais guerreiros, às vezes, em volta das fogueiras onde tentavam, em vão, descansar ou se aquecer, contavam uma antiga lenda de antes sobre "aquele que sempre esteve ali". Era a história de um guerreiro meio mago que, uma vez, tomou conta de uma casa de guerra. Foi o único que tentou fazer algo que desse dignidade àquele lugar e assim guerreou por um tempo.

Foi sábio e retirou-se na hora certa, antes que fosse consumido e, assim, tornou-se apto a lutar outras batalhas e inspirar os que ficaram a lutar por si. Sabedoria, às vezes, consiste em não entrar de mãos nuas num incêndio, mas analisá-lo de longe para ver como apagá-lo de uma vez ou sobreviver na segurança, se nada mais pode ser feito, além de esperar o Tempo revelar a solução. 

Quanto à casa, houve uma destruição em massa e virou ruínas, mas os sobreviventes conseguiram sair e seguir suas vidas já libertos. O legado foi cumprido. 

E os guerreiros ainda andam por aí... quem sabe onde... mas surgem quando é preciso.


Eu sou doc 

12 fevereiro 2023

Boca Livre

"Escuta o trem de ferro alegre a cantar; na reta da chegada pra descansar; no coração sereno da toada, bem querer..." (Toada - Composição de Cláudio Nucci - Boca Livre)

bo·quei·rão

(boqueira + -ão)
substantivo masculino

1. Grande boca. = BOCARRA

"boqueirão", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, 2008-2021, https://dicionario.priberam.org/boqueir%C3%A3o 


Férias escolares terminando com uma ótima coincidência de tempo bom, ensolarado, lua cheia e alguns dias de merecidas folgas, conquistadas em trabalho extra.

Escolhemos um hotel fazenda muito recomendado, fiz a reserva, deixamos a casa bem arrumada para a volta, pegamos as mochilas e partimos para aproveitar uns dias de lazer.

Em 1979 surgia, lá no Rio de Janeiro, uma banda bem acústica e com quatro ótimos vocais que se chamava  "Boca Livre". Vi seu primeiro show no Teatro Ipanema e comprei o LP que não era vendido nas lojas, pois era o chamado "disco independente" (algo meio anarquista, para não ter que se submeter aos ditames das gravadoras).

No último domingo, 5/02/2023, o grupo ganhou o Grammy de melhor álbum de pop latino por Pasieros (2022), gravado em espanhol em parceria com o cantor panamenho Ruben Bladés. O grupo concorria com astros como Christina Aguilera e o colombiano Sebastian Yatra ( Anitta tentou ganhar alguma coisa 🤦, mas não levou nada porque o prêmio pede competência musical 😃). Infelizmente a banda se desfez por problemas relacionados à vacina COVID, direita x esquerda, ou alguma outra coisa que não interessa agora.

Uma das suas músicas, "Bicicleta", foi tema de um texto de 2017 e também título do seu segundo álbum.

Pedalar é muito bom. No hotel também haviam bicicletas... mas também havia um muro... o chão era duro... ainda bem que tinha ambulância... pé quebrado foi o diagnóstico e não precisou operar (que bom 🚴).

Fim de férias. Será que esse texto vale como redação de volta às aulas?

Eu sou doc

05 fevereiro 2023

Depois de um ano

" Adoção é... Ter certeza que o amor não está ligado aos laços sanguíneos, mas sim pelos enlaces da alma e do coração." Ana Carolina Valencio no livro "Uma brevíssima história sobre adoção" de Onofre Iankoski.

Fevereiro foi o mês do primeiro encontro com nossa filha. Já contei alguma coisa a respeito, foi complicado, mas foi ( e é ) uma coisa muito boa. 

O que eu não esperava era a comoção que a adoção geraria em algumas pessoas que acharam (e é) incrível e fantástico. Isso nos deixou muito felizes e entramos numa curva diferente da nossa história.

O que eu esperava (e realmente aconteceu) foi o total despreparo dos mecanismos  burocráticos para conseguir licenças e plano de saúde.

Se você pretende fazer parte de uma minoria privilegiada que adota criança ou adolescente, preste bastante atenção no que eu vou contar.

"Senta que lá vem história!"

Quem adota tem direito a licença de trabalho. O que pode mudar é a quantidade de dias, mas a documentação tem que corresponder ao que o empregador deseja. 

No geral, o documento inicial a apresentar tem que ter o título de "Guarda provisória para fins de adoção"; se o título for diferente, mesmo que o corpo do documento contenha a mesma informação, a chance de não conseguir é enorme portanto peça dessa forma ao juiz. 

Procure a legislação específica para não ter surpresas: isso me livrou de um grande problema quando, após quinze dias de licença autorizada pelo RH, veio a notícia de que eu só teria direito a dois dias de licença por causa da idade da nossa filha e coisa e tal, blá blá blá. Como eu já tinha a informação correta, retruquei e, mais adiante recebi pedidos de desculpas porque realmente eu estava correto e coisa e tal. No final das contas, ganhei os seis meses de licença.

Ué? Seis meses? Licença paternidade não são cinco dias? Sim, mas a licença era para adoção e a legislação é outra. No Estado foram seis meses e valeu a partir da guarda; no município foi um mês, mas só depois da sentença, o que aconteceu 4 meses depois.

Para minha esposa foi facílimo: tudo pelo aplicativo "Meu INSS" (quem diria).

Bom... O passo seguinte foi o seguro saúde e foi em duas etapas: a primeira com a guarda e a segunda com a adoção definitiva quando muda o nome, o CPF, o cartão do SUS e nem lembro mais o que. Na fase de guarda, "lembre" ao seguro/plano de saúde que, uma vez a criança incluída até trinta dias da data da guarda, não há carência. 

Na fase da sentença, o cartório de registro civil , onde a criança era registrada, deverá cancelar o registro e também o CPF da criança (no caso da nossa filha eu tive que conversar no cartório porque não foi uma coisa automática). Feito isso, verificar a burocracia específica para acertar tudo com o nome e os números novos (no meu caso foi bem complicado, espero que o leitor não tenha tanto problema).

Terminado o tutorial da burocracia, o que fica é a alegria de ter um novo ser na nossa família e daí pra frente não há receita de bolo: cada criança tem suas características e a gente vai aprendendo a lidar no dia a dia.

Eu sou doc

Money

"🎼🎶Money, so they say, is the root of all evil today  🎶" Pink Floyd Desde sempre, os comerciais na TV aberta são uma chateação,...