24 dezembro 2023

Uma Noite de Natal

No início do mês eu falei da antologia e hoje, véspera de Natal, eu deixo aqui o texto que faz parte do "Uma Noite de Natal". Recebi os livros há alguns dias e são vários textos muito legais de vários autores... então vamos lá!

Um Doce de Natal

As festas de final de ano possuem diversas conotações de acordo com as crenças de cada um: podem ser um momento de reflexão, de pedidos, de distribuição de presentes (onde entra o Papai Noel) e também de celebrações religiosas. Independentemente do que cada um pense, o que é certo é a ceia natalina, repleta de guloseimas, e o “enterro dos ossos”, no almoço do dia seguinte.Famílias e amigos se reúnem e comemoram da forma que melhor se encaixar nas suas convicções. 

O Natal na minha família sempre foi comemorado com alguma festividade. Quando eu era criança, a festa acontecia na casa da minha avó e íamos meu pai, minha mãe, meu irmão e eu, claro. Antes de sairmos para lá, havia um momento inesquecível: Papai Noel, em pessoa, aparecia na porta do apartamento e nos entregava presentes. Isso gerava uma briga enorme no jardim de infância (o atual “prezinho”) porque algumas outras crianças não mais acreditavam no Papai Noel e eu sim. Lógico: eu via o sujeito todo Natal! Como não acreditar? Muitos anos depois, eu soube que não era bem o “bom velhinho” que aparecia e sim um representante dele, o porteiro do prédio (acho que o nome dele era Mariano), mas dava no mesmo.

Certa vez eu peguei caxumba justo no Natal. Essa doença causava um inchaço no pescoço, mas o maior problema era “descer”, acometendo “as partes baixas” e levando à infertilidade no futuro. O único jeito de evitar isso era com repouso absoluto, e o percurso de cinco minutos de carro até a casa da vovó já era proibitivo.

Lógico que fiquei revoltadíssimo quando meus pais disseram que não iríamos, mas a situação sensibilizou meus avós e tios e a festa foi transferida lá pra casa. Medo de pegar caxumba ninguém tinha porque a ideia ERA contrair a doença, ao menos para minhas primas. Contaminei todas as crianças da família porque era a forma de criar imunidade antes da idade adulta. Hoje já existe vacina, mas vamos continuar falando de Natal que é bem melhor.

A partir dessa mudança veio uma ideia e a festa passou a ser alternada entre a casa da vovó e a casa do meu tio. Lá em casa era complicado, porque morávamos num apartamento pequeno e havia pouco espaço. Serviu bem naquela situação inusitada, mas nada para virar rotina anual.

Alguns anos depois meus avós mudaram para o interior do estado e continuamos a tradição por lá mesmo incluindo diversos amigos, mas meus tios e primas não mantiveram sua presença. Podemos dizer que criamos o Natal na cidade, pois a festa era uma grande novidade já que não havia nenhuma tradição nesse sentido. Foi evento durante alguns anos, onde minha mãe providenciava algum presente/lembrança para todo mundo que aparecesse (convidado direto ou não). Para isso ser possível, ela procurava possíveis lembrancinhas, nas lojas, no decorrer do ano e fazia um tipo de reserva técnica para que, na hora, ninguém saísse de mãos vazias

Com o tempo a família cresceu, diminuiu e, dos antigos, somente eu, meu irmão e o velho pai ainda estamos por aqui, mas o marco herdado, através de um livro de receitas da mamãe, ficou com o doce que ela fazia no Natal e que meu irmão replica com perfeição. Ele é chamado de “Mil Folhas Falso” e a receita que compartilho hoje, em homenagem à minha mãe, foi copiada fielmente de lá. 

“Forre um pirex com biscoito cream cracker e salpique com uma xícara de leite pingado com baunilha. Faça um creme assim:

1 lata de leite condensado

2 copos de leite

2 gemas

1 colher de sopa de maisena

Leve ao fogo; quando estiver pronto jogue por cima dos biscoitos.

Colocar nova camada de biscoitos pingados com baunilha

Fazer outro creme igual ao primeiro acrescentando 6 colheres de Nescau

Colocar por cima dos biscoitos

Cobrir, para terminar, com chocolate granulado e levar à geladeira”

Depois de pronto é só comer e ser feliz, assim como o Natal. 

Obrigado, mãe!

Eu sou doc

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