04 junho 2023

Ué? Não era circo? parte 2

Quatorze anos depois...

- Vô! Me leva no circo?🎪

Zé da Moto já estava aposentado e seu filho mais novo assumira a função. Agora a família também crescera, pois Valdinho da Moto (apelido carinhoso do filho mais novo do Zé e da dona Rosa, cujo nome é complicadíssimo e que já tinha uma esposa e filho por conta de uma camisinha furada) morava num puxadinho meio que construído às pressas nos fundos do empreendimento.

- Pai! O Lindomar está doido pra ir ao circo e estou cheio de serviço na oficina e a Priscila foi com a dona Clarice na consulta de pré natal.

O garoto de cinco anos era o xodó da casa. Tanto que dona Rosa nem reclamou da ideia ( o que não quer dizer que ela tenha esquecido do tal do "globo da morte").

Como choveu o dia todo, a entrada na plateia, improvisada com aquelas cadeiras brancas de plástico que ficam na beirada das piscinas, foi complicada pelo rio de lama que se formou. Além disso, os habituais buracos na lona geraram goteiras que interditaram alguns setores, mas - como dizem os ditados populares -  "os boletos sempre vencem" e "o espetáculo tem que continuar".

Era um circo "das antigas": palhaços levantando golas, mágicos serrando pessoas (deu a impressão que aquilo que pingou no picadeiro era sangue de verdade, quando os palhaços entraram de repente e em algazarra e o mágico foi retirado às pressas), domadores de leões desdentados (ambos), alguns tigres desanimados, e alguns personagens contemporâneos.

- Respeitável público! O Gran Circo...

Foi aí que a chuvarada desabou, o vento uivou, voou a lona, virou gritaria e corre corre no melhor estilo "liquidação de aniversário do supermercado Guanabara".

A cena era impressionante: homem aranha, luquinhas neto e bob esponja fugindo de tigres e leões; manada de elefantes destruindo uma ambulância do SAMU (que atendia uma pessoa numa caixa); macaquinhos invadindo o prédio da prefeitura (dizem que moram lá até hoje); Godzilla destruindo Tóquio com Ultraman em seu encalço, celacanto provocando maremoto e até um tiranossauro mecânico ganhou vida e destruiu o pouco que sobrou de sei lá o quê.

No meio da confusão, Zé da Moto e seu neto Lindinho (apelido carinhoso que ficou melhor do que "Lindomarzinho") foram salvos por um motoqueiro (o leitor já entendeu, né 😃) que deu uma providencial carona até em casa, onde foram recebidos pela dona Rosa que vira tudo no Instagram e já estava com o rolo de macarrão numa mão e uma caneca de chocolate quente na outra (para o neto,  obviamente).

- De novo, Zé? 😡

🎶Vinte piruetas, trinta piruetas
Bravo, bravo
Poli-piruetas, maxi-piruetas
Bravo, bravo
Sobe ao céu, fura a calota e tomba de bumbum
Que a patota grita: mais um (Mais um!)🎶


Eu sou doc 


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