23 outubro 2023

Enxergar um novo dia

Já comentei, meio que de leve, por aqui a respeito da exposição "extra artística" que alguns artistas de renome e muito consagrados tem feito na televisão e demais mídias existentes. Começou com a atriz, ex mirim, que brigou com a família por conta de dinheiro e o assunto foi parar no Fantástico que virou programa de fofoca como os vespertinos que temos por aí; seguiu-se na cantora famosa que foi com o marido no Altas Horas contar o acontecido; por fim a jornalista, famosa por ser ancora de telejornal noturno e por suas duras criticas a diversos segmentos politico culturais, que foi parar no reality show da emissora do "bispo". 

Por conta disso tudo e mais algumas outras situações menores, tive vontade de escrever a respeito; foi quando encontrei um texto que o Guilherme Arantes escreveu em sua página do Facebook. Para quem não conhece, ele é um cantor e compositor brasileiro. É um dos poucos pianistas brasileiros a integrar o hall da fama da secular fabricante teuto-americana de pianos Steinway & Sons, estando em companhia de nomes como Guiomar Novaes, Franz Liszt, George Gershwin e Duke Ellington e vale a pena conferir sua obra na internet.

E ele começa assim:

"me perguntam porque evito fazer televisão . é que tenho percebido que minha imagem pode trazer danos à audiência. e que a "audiência" da TV pode trazer danos para mim . explico . Sei que a TV foi maravilhosa para nossas gerações, especialmente a minha . Tenho total reconhecimento . Amo a TV . Amei existir e fazer parte dela. Mas era outra TV . Outro jeito de se fazer. A gente cantava, e pronto. Não tinham os componentes e as fórmulas que vingaram nos tempos atuais. Ficou bem complicado agora, com interatividade e o voyerismo invasivo, científico, dos talk shows... E sei que os programas das TVs vivem na corda-bamba, lutando desesperadamente por audiência. Muito da TV, hoje, se constrói em função do que vem e do que causa nas Redes Sociais. E isso é Orwelliano, diabólico. Não quero constranger o público, também, já que hoje em dia as pessoas são todas muito bonitas nas redes sociais, nas mídias. Esta é a época de Ouro da humanidade, em que os seres humanos são todos simplesmente maravilhosos e todos muito virtuosos, com seus milhões de seguidores . todo mundo faz a sua lição de casa, bonitinhos, com seus sorrisos e mensagens agregadoras, ou estudadamente "chocantes" , provocativas , vale tudo desde que sejam de alguma forma eficientes para angariar seguidores. É a Nova Verdade. Diga-me quantos te seguem, e te direi Quem És. Sinto um constrangimento em existir, ainda. Sei que já passou o tempo de eu estar enterrado num passado de lembranças, e não incomodar mais. Só que eu, Guilherme Arantes, insisto em não morrer ( seria o ideal ) , e estou nascendo hoje para o futuro e insisto em dizer pra mim mesmo : eu existo. Dane-se o incomodo que causar. Anos atrás, fui fazer o Fausto Silva e a Anne Lottermann me perguntou se eu sentia saudades da cabeleira , da minha juventude. Sei que foi uma pergunta inocente e burrinha, coitadinha, , porque eu lhe respondi na lata. Fiquei surpreso com a pergunta "na lata" . As pessoas na TV têm que ser lindas. isso é inquestionável. Respondi que eu nao sinto saudades porque o meu conteúdo cerebral de hoje, o meu carisma até para responder ... não dá para comparar com o conteúdo "ralinho" , o carisma fraquinho que eu tinha no tempo dos cabelões, que aliás, hoje data de mais de 40 anos, a provável idade dela. 

Não quero mais televisão porque quando é para ser entrevistado, a pergunta já vem pautada para "causar" , e as falas na TV são sempre tóxicas, trazem aborrecimentos e perdas pessoais. 

Tenho visto colegas entrarem nessa roubada de " debates" , de temas, de "pautas", cujo único propósito é colocar o artista frente a frente com o paredão de fuzilamento da polarização, 

até aí, vai quem quer . 

Aí, quando é para cantar, aí as produções querem os "hits" mais comportadinhos e digestivos, que garantam a audiência através dos "grandes sucessos" , que não tragam questionamento novo algum . 

É um tempo muito difícil de se estar vivo . 

Muito fácil para se estar morto ."

Precisa desenho?


Eu sou doc

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