16 outubro 2022

Controlados e Contínuos

A rotina de atendimento numa unidade de saúde que presta serviços básicos inclui a emissão de prescrição de repetição, codificada como Z 76.0 pela Classificação Internacional de Doenças (CID). Como doença faz parte do escopo médico isso justifica uns 80% dos atendimentos diários somente para emissão de receitas novas.

Puxando pela memória, lá do passado meio que muito distante,  não lembrei de tal movimento: as prescrições podiam ser feitas por telefone e a pessoa ia na farmácia comprar o remédio orientado pelo médico e valia da aspirina ao temido "Benzetacil®".

Acredito que, depois de algum tempo, houve muito abuso dessa facilidade, sem contar que os remédios ficaram caríssimos e inacessíveis para boa parte das pessoas necessitadas; surgiram, então, os regulamentos que limitaram a compra às receitas (lembro alguma coisa disso) com os remédios "tarja preta" e "tarja vermelha". Surgiram também a dispensação pública e "gratuita" e a privada através das "farmácias populares".

Se fizermos analogia, a louça começa com um copo, depois um pratinho, uma colher e quando nos damos conta temos que lavar tudo para ter espaço para mais louça... A coisa das receitas é meio por aí mesmo...

Quando você acompanha o paciente desde sempre, você já sabe o que precisa; quando você nunca atendeu, tem que começar tudo outra vez. O início é a consulta, a anamnese, revisão de exames e demandas, avaliação da medicação e tudo isso seria ótimo se o paciente tivesse o registro disso tudo ao invés de somente trazer o rotulo das caixas dos medicamentos que diz utilizar. 

Por outro lado, ainda tem a classe de pacientes que, além de não terem as informações, sempre foram atendidos por profissionais que pouco se importavam com a indicação do medicamento e repetiam a receita sem registro das demandas e sem realizar uma consulta formal conforme descrevi. 

No meio da confusão o desastre é anunciado quando você tenta fazer a coisa certa, principalmente nos paciente hipertensos que nunca foram ao cardiologista e nunca fizeram exames adequados, diabéticos que também nunca foram ao endocrinologista e os paciente psiquiátricos que não possuem nem o laudo da doença e muito menos a receita anterior (acompanhamento psiquiátrico também não é comum nesses pacientes).

Na prática, as regulamentações não são seguidas por todos e quem paga o ônus da falta de saúde é o próprio paciente.

Fazer o certo é que nem a louça... é difícil, às vezes é muito chato, mas tem que ser feito! 

Bora fazer bem feito e que dane o resto! 

Eu sou doc 

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